Para bem entender as idéias de Max Weber, é mister ter em mente que o intelectual, historiador, político e sociólogo alemão buscava elevar a sociologia ao status de ciência autônoma, baseada em fatos empíricos, sendo ele um dos fundadores da sociologia moderna, ao lado de Émile Durkheim, Karl Marx e Vilfredo Pareto.
Conforme Weber, religião e família são entes culturais que estendem seus tentáculos à própria estrutura econômica. É importante considerar que em seu tempo, muito mais que atualmente, religião e família ditavam regras de conduta a serem seguidas. Weber justamente combatia esta influência do clero, notadamente da igreja católica. Detalhe: ele era filho de protestantes. E como para Weber não existe uma ligação entre ciência e ideologia, o enfrentamento com a igreja, o mesmo dando-se em relação a esfera da política, irracional e influenciada pela paixão, era conseqüência compreensível.
Através de “Os três tipos puros de dominação legítima”, Weber descreve a burocratização da dominação e a ascensão ao poder de forma a cercear a vida humana em um complexo conjunto de regras e controle racional. Segundo ele, a dominação – probabilidade de encontrar obediência – pode ser de três tipos: legal, tradicional e carismática.
A primeira impõem-se por meio de um estatuto. Seu cerne está na possibilidade de instituir e alterar direitos mediante um estatuto. Obedece-se à rega estatuída, sendo que quem ordena também obedece a uma regra concomitantemente à emissão de sua ordem. Aquele que ordena é o “superior” e seu quadro é formado por “funcionários”. Os funcionários são introduzidos conforme sua formação profissional.
O segundo tipo – tradicional – decorre pela crença nos poderes senhoriais, dado que o poder patriarcal é seu exemplo mais puro. Aquele que ordena é o “senhor”, sendo que forma seu quadro um conjunto de “servidores”. Seu estatuto tem caráter imutável, fruto da sabedoria, e seu conteúdo está amparado na tradição. Os servidores têm vínculos de fidelidade junto ao senhor – familiares, favoritos, vassalos - e permanecem em seu cargo baseados mais por usa dócil capacidade de servir ao senhor do que propriamente por sua formação.
O terceiro tipo de dominação – carismática – dá-se pela devoção afetiva à figura do senhor, fruto de seu carisma, advindo de sua oratória envolvente, capacidade intelectual ou heroísmo. Os tipos mais explícitos são o demagogo, o herói e o profeta. Aqui, o tipo que manda é denominado “líder”, e quem o obedece é tomado como “apóstolo” ou seguidor. Na escolha do quadro administrativo, pesa mais o carisma e vocação pessoal do seguidor, em detrimento de uma formação profissional. A administração carece de regras, estatuais ou tradicionais, sendo sua característica as decisões particulares diante do direito que o líder sugere possuir.
Através de uma atenta leitura do pensamento de Max Weber, percebemos na nossa sociedade os três tipo de dominação, bastando olhar para nossas Escolas – dominação legal – as famílias em geral – dominação tradicional – e as relações de poder de negociação, determinando quem permanece e quem sai ao longo de um mandato na política brasileira, claramente desnudada por Weber ao descrever a dominação carismática.
4 comentários:
Essas relações de poder e dominação fazem parte de toda a nossa vida e devemos ter um pensamento crítico e atento para percebermos, mesmo que nas entre linhas, o que estão nos dizendo e em que lugar nos incluem no meio em que estamos incluídos. Noto, também, que mesmo contra algumas formas de dominação, muitas pessoas se submetem, para tirar delas algumas vantagens individuais, que muitas vezes prejudicam todo um coletivo. E isso acontece muito em nossas escolas.
Olá colega Paulo! Li o teu texto sobre o autor Weber. Ele realmente desnuda a dominação carismática ao descrevê-la. Fica mais transparente o que vimos nos noticiários há pouco tempo com a eleição do novo Papa e regras desenvolvidas por todo um legado.
Um abraço cordial colega Rosali.
Paulo, achei bem legal o que postasse sobre Max Weber, ele realmente questiona a dominação que o clero exercia sobre o povo. É uma pena que nas escolas ainda exista a dominação.Na verdade muitas pessoas deixam-se dominar para "tirar" alguma vantagem disto.
Até Breve!
Adri
Olá, colega, como sempre estou dislumbrada com o que tu escreve.E concordo com o comentário da colega adri, que ás vezes as pessoas se deixam dominar para tirar vantagem disso. Aliás, de vez em quando a gente se confronta com as panelinhas de escola, onde os " dominados" conseguem algumas regalias...
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