quinta-feira, novembro 02, 2006
EPPC 8
Fotografia: Professor Miguel Arroyo
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Educação
Pedagogia a distância: Anos iniciais do Ensino Fundamental (PEAD)
Aluno: Paulo Assis Costa Medeiros
Pólo: Gravataí
Interdisciplina: ESCOLA, PROJETO PEDAGÓGICO E CURRÍCULO
Professora: Rosane Aragon de Nevado
Unidade: 3
Atividade: 8
Data: 22 de outubro de 2006
RESUMO ANALÍTICO
Título: Certezas nem tão certas
Autor: Miguel Arroyo
Dados da publicação: Ofício de Mestre: Imagens e Auto-Imagens. 2.ed. Petrópolis, RJ. Vozes, 2000.
Palavras-chave: Crenças, valores, retenção, desestabilizar, resistências, tensão
Temática principal: O texto do professor Miguel Arroyo fala basicamente acerca dos tempos humanos. Atento ao tempo de cada indivíduo e sua maturidade, Arroyo defende os ciclos como uma organização que respeita a prontidão do educando, derrubando crenças que na organização seriada engessam os fazeres da escola, entre as quais a de que uma escola que não reprova seria uma escola em que não existiria avaliação, sendo o contrário um dos valores mais arraigados no cotidiano escolar. Defende ainda o professor que, na melhor das intenções, escolas limitam-se a discutir como reduzir índices de aprovação, mas não como acabar com ela.
Conclusões do autor: O professor parte de uma afirmação: a escola seriada não respeita os tempos de cada aluno, ignorando por conseguinte o próprio educando como ser humano. Ao defender, contudo, uma organização escolar em ciclos, o autor ressalta que muito do que se percebe como sistema de ciclos instituídos nas escolas públicas brasileiras não é de forma alguma semelhante ao que ele vem postulando. Arroyo destaca que denominações tais como primeiro ciclo e segundo ciclo estão muito próximas do antigo primário e antigo ginásio e que são, tão somente, mais uma forma de organizar as séries. Ao promover um verdadeiro escrutínio no real sistema de ciclos e no sistema seriado, promovendo uma reflexão sobre ambos, afirma que cada reprovação ocorrida no segundo é um “tapa na cara em nosso profissionalismo”. Não sobra espaço para qualquer dúvida a respeito do que moveria os professores em protesto à ciclagem das escolas: o receio quanto a existência ou não da reprovação na escola por ciclos, visto que “certamente” os discentes não estudariam disciplinada e efetivamente sem o medo de uma possível reprovação. Para Arroyo, urge aprofundarmo-nos em estudo acerca do porquê ser tão sagrada a cultura da retenção de alunos. Sendo assim, lança um questionamento ao leitor educador quanto a como devemos estruturar o processo pedagógico a fim de valorizar toda uma pluralidade de tempos de cada educando, singular em cada etapa do seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, cultural, ético e social, para ficarmos nestes. E, em tempo, decreta que “reprovar será sempre uma violência para os educandos e educadores”.
Idéias do autor a partir de minhas experiências: Não escolhi em vão a leitura de um artigo do professor Miguel Arroyo, visto que conheço suas idéias acerca do sistema de ciclos e seu completo desencanto com o sistema seriado. Já trabalhei em uma escola ciclada, mas percebia que em quase nada diferenciava-se de outras escolas, seriadas, na forma como conduziam o cotidiano pedagógico em todas as dependências da instituição de ensino. Recordo-me que os alunos que não apresentavam condições de promoção para o que seria a série seguinte na escola seriada, eram colocados em turmas de aceleração em turno contrário ao dos estudos regulares. Particularmente, pensava que tanto a carga horária dobrada de estudos quanto a ênfase em uma recuperação de conteúdos em nada se diferenciava da prática cotidiana e nada mascarada das escolas por séries. Ou seja, para mim a escola ciclada era apenas um modismo e não apresentava as soluções para os impasses que afirmava poder resolver de forma definitiva quando comparada a uma escola de sistema seriado. Pois ao ler este texto de Miguel Arroyo dei-me por conta que nem de longe esta dita escola ciclada mereceria tal denominação. O próprio Arroyo cita as mesmas incoerências, indo além, afirmando que são todas práticas medíocres, sem grande rupturas. De qualquer forma, não sei se discordo do professor ou da LDB, quando ele nos lembra que a mesma impute nos educadores a tarefa de dar conta da formação humana plena dos educandos. Perguntaria ao professor a respeito do papel da família do educando em sua formação; estaria a LDB nos isentando apenas de alimentar e vestir nossos alunos? De qualquer modo, também eu acredito que o educando não pára por não saber regras gramaticais ou toda a tabuada de multiplicação de forma a não hesitar ao usá-la. Acredito piamente que todos têm seu momento e aqui simpatizo com a verdadeira escola ciclada, ainda que eu trabalhe há dezoito anos em uma escola onde estão previstas séries em seu projeto político pedagógico. Aliás, como pode-se atestar pela reuniões de professores ao longo do ano letivo, persiste uma preocupação muito grande com relação à construção do conhecimento dos alunos, formas e caminhos para efetivá-la, diminuindo e, não negamos para um futuro próximo, extirpando a reprovação do nosso rol de probabilidades finais.
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