sábado, dezembro 30, 2006

Semana 12 / ECS 11 / Políticas Públicas na Educação

A qualidade de vida de uma comunidade está diretamente relacionada com a história de seu país, com a cultura, assim como com as condições sócio-econômicas e a qualidade da educação formal recebida. As políticas públicas visam justamente reduzir as mazelas advindas das desigualdades sociais a que tal comunidade sofrera ao longo desta história da qual também ela faz parte, procurando igualmente atender à necessidades tais que possam reverter a causa de nefasta realidade.

Porém, a fim de não emprestar uma aura utópica às afirmações aqui destacadas, endosso que as causas das presentes desigualdades só serão eliminadas com a satisfação dos direitos à educação, saúde, habitação, ao emprego e ao lazer, dentre outros, por parte da totalidade da população.

O foco acerca das políticas públicas vem aumentando nos últimos anos. Por conta disso, o interesse despertado, desde a formulação de tais políticas, assim como sua implementação e avaliação contribui para a manutenção de uma postura democrática a respeito. O cidadão passa a preocupar-se com o alcance dos programas sociais e não dispensa o acompanhamento dos mesmos.

Políticas públicas estão intimamente ligadas a outra expressão muito utilizada em todos os espaços de reflexão: qualidade de vida. Esta pode representar saúde, moradia digna, felicidade, etc, de acordo com aquele que procura defini-la. A despeito da concepção de cada um para com qualidade de vida, ela é de essência individual e coletiva.

Da mesma forma que cada dia mais se faz uso das expressões "políticas públicas" e "qualidade de vida", o termo cidadania é igualmente evocado quando se pondera acerca das duas primeiras. Isto se explica a medida que o exercício da cidadania é seu elo de integração, ou seja, o fortalecimento do empoderamento de uma comunidade está intimamente relacionado à busca de melhor qualidade de vida através da exigência da implementação de políticas públicas.

Que se entendam as políticas públicas como um conjunto de iniciativas que resultarão em execução de ações visando minimizar todo índice considerado negativo.Especificamente na área da educação, o índice de reprovação de alunos é, seguramente, o mais destacado, dentre três efetivas políticas públicas - PNLD, PNAE e PNME - trabalharei acerca da primeira, o Programa Nacional do Livro Didático.

O PNLD faz chegar em mãos de cada aluno da rede pública de ensino, em média, três diferentes livros, correspondendo a distintos componentes de desenho curricular de sua escola. Ainda que se faça uma crítica contundente à regionalização dos livros, explicitamente voltados para o estado de São Paulo em detalhes sutis como o emprego de vocabulário específico daquela unidade da Federação, ou que apenas poucas e grandes editoras detém o poder de edição e lucros astronômicos com a venda das coleções para o governo federal, é o livro didático, muitas vezes, o principal recurso de pesquisa e de leitura que muitos alunos possuem. Se considerarmos que o livro seja lido por seus familiares, o número de pessoas que dele se beneficiam praticamente quadruplica.

Pelo viés negativo, tem-se conhecimento de escolas que engessam seu cotidiano pedagógico em função dos conteúdos programados em tais livros, emprestando a estes um status de balizador da eficiência dos professores no desenvolvimento das atividades pertinentes às suas disciplinas.

Ao se permitir e estimular tal status ao uso do livro didático, resulta que professores em tais escolas sentem-se pressionados a estabelecer um determinado ritmo de inclusão de novos conceitos, induzidos à indiferença quanto ao "tempo" de cada educando. Aliás, peço a atenção para o emprego aqui da expressão "inclusão de conceitos", visto que em uma dinâmica que confere tal poder ao livro didático a construção de conceitos por parte do aluno, a partir de aprendizagens significativas, seria meramente um exercício de retórica.

Deixando de ser um dos recursos de pesquisa para tornar-se quase um guia - mor da sala de aula, o livro suprimiria assim as possibilidades de reflexão, de descoberta e conclusão, visto que tudo já foi pensado por alguém, este um desconhecido para a maioria absoluta dos educandos e educadores, e ali impresso como verdade inabalável.

Com relação a tais "verdades", lembro-me de uma determinada coleção que era utilizada nas escolas de nosso município e que, mais precisamente em seu livro de ciências para a 4ª série, alertava para a probabilidade dos ursos polares se extinguirem na Antártida. Flagrante da falta de apuro e veracidade de informação, o autor sequer sabia que os ursos polares não corriam tal risco, pois só habitam o Pólo Norte desde que a humanidade tomou conhecimento da existência de tais mamíferos.

Assim, ainda que sejam bem-vindas e indispensáveis as políticas públicas voltadas para a educação, sem aqui mencionar as demais, faz-se necessário respeitar, em um país continental como o nosso, as diferenças regionais, com suas especificidades sociais, econômicas e culturais. E urge propiciar aos alunos e seus responsáveis que participem também de reflexão quanto a escolhe dos títulos para o ano seguinte, em uma decisão transparente e enriquecedora, garantindo a todos os segmentos da escola o poder de decidir na mesma medida e com a maior paridade possível.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

SEMANA 13 / ECS 12 / AUTO-AVALIAÇÃO

Ainda que esta atividade tenha sido cancelada, resolvi tecer um pequeno comentário, apontando para uma avaliação breve do percurso até aqui trilhado.

Minha caminhada pessoal na interdisciplina Escola Cultura e Sociedade colocou-me em contato com pensadores múltiplos e suas idéias memoráveis acerca do homem e do mundo que o cerca. Confesso que guardava alguns pré-julgamentos em relação a alguns pensadores, principalmente Marx, pois suas idéias sempre estiveram na ponta da língua de pessoas que não necessariamente eu admirava por seus feitos e discursos. A interdisciplina desvinculou o pensador dos falastrões e motivou-me a rever minha postura até então arredia ante um texto do sociólogo alemão. Saldo positivo: pude compreender bem melhor as relações de trabalho, nem sempre dignas de aplausos.

domingo, dezembro 10, 2006

Seminário Integrador - Atividade 7 - Memorial



Eis que chega o momento de refletir acerca de todo o processo (semestre) que se encerra: como influenciou nossa prática no cotidiano da escola? Como interferiu positiva e/ou negativamente em nossa vida pessoal? Em que mudou nosso modo de pensar sobre educação? Enfim, temos uma espécie de grande "diário de bordo" pela frente como tarefa.

Percebo no memorial uma forma de sistematizar nossa caminhada, principalmente, individual no PEAD. Sua elaboração será o norte para a criação da apresentação aos colegas de uma de nossas produções já publicadas anteriormente e que cada um de nós escolherá por motivos bastante distintos, mas acredito que tendo um ponto em comum: a satisfação pessoal com o resultado de dias de dedicação.

Certamente o processo de composição do memorial não será fácil, mas riquíssimo. Oportunidade para ponderar, pesar o que foi feito e o que pensamos a respeito. Tão ímpar quanto a própria criação do memorial será a apresentação, tanto a nossa em particular quanto de cada colega. Quanta aprendizagem!

Vamos lá! É hora de arregaçar as mangas, mesmo encontrando-nos no final do ano letivo em nossas escolas, com todos os compromissos redobrados (fechamento de cadernos, conselhos, pareceres descritivos, registro e soma de notas, etc) e de darmos o melhor possível em mais esta proposta de trabalho.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO - Desafio 2



Este texto é um link a partir do desafio 1 da atividade "semana1a" do meu webfolio da interdisciplina em questão no ROODA.

O processo educacional tem no computador uma ferramenta de ensino-aprendizagem que pode desencadear transformações tanto no professor quanto no aluno. São transformações de ordem motivacional, emocional e de relação consigo mesmo, com o mundo a seu redor e com a sociedade que o constitui. Entretanto, numa escola que insista em práticas questionáveis (métodos de pesquisa equivocados ou inexistentes, memorização, competição, etc), o uso da informática correria o risco de reproduzir o que já é a práxis cotidiana, com uma compartimentação excessiva de espaços e tempos, com pouco destaque para o senso crítico e o discernimento frente a tantas informações disponíveis na rede mundial de computadores.

A começar pela escolha da sala que abrigará o laboratório de informática, a facilidade de acesso (inclusive por parte de cadeirantes, pessoas idosas e com dificuldades visuais) deve ser um ponto a merecer atenção especial. Planejando de forma inclusiva, imagine o equívoco por parte de uma equipe ao destacar uma sala ao final de um corredor no terceiro pavimento de um determinado prédio.

No tocante ao mobiliário, um dos pontos centrais em discussão no desafio número 2, este deve conter bancadas para acomodar os computadores clientes e uma mesa em particular para o computador servidor, ligado aos periféricos que o laboratório precisa disponibilizar: impressora e scanner. Interessante afixar em local estratégico, de fácil visualização por parte de todos os alunos, um quadro branco para intervenções por parte do professor facilitador. Esta disposição do quadro estaria condicionada à disposição das bancadas com os computadores: em formato de uma letra U, em uma sala de, no mínimo, 30 metros quadrados, a qual permitiria que o professor se deslocasse sem qualquer obstáculo de um ponto a outro, atendendo a todos os que solicitassem seu auxílio de imediato.

Uma escola que busca um maior contato dos alunos entre si, a fim de que possam experimentar a riqueza da troca de conclusões pessoais em busca de um parecer comum acerca de um determinado tema, obviamente optará pela disposição dos computadores de modo que não apenas facilite, mas promova tal interação. Algumas escolas optam pela reprodução do modelo comumente utilizado em sala de aula, no qual os alunos ficam em colunas que raras vezes são configuráveis de outra forma senão em um número fixo de alunos um atrás do outro, o que pode estar a configurar o receio dos educadores em permitir uma maior percepção da presença do outro enquanto ser que questiona, formula hipóteses, pesquisa e deseja compartilhar conclusões. O que torna a aprendizagem mais significativa é o envolvimento afetivo, seja com o professor, os colegas e o objeto de pesquisa. Uma escola que delimita fisicamente os espaços de atuação do aluno e do professor expropriaria ambos de uma interação mais profunda e enriquecedora.

terça-feira, dezembro 05, 2006

RETROSPECTIVA 2006 NA MINHA ESCOLA

 

sábado, dezembro 02, 2006

TEXTO FINAL ECS9 GRUPO G

Educação, trabalho infantil e feminino

Texto originalmente postado no blog da colega de grupo Magali Borne

Nas obras de Marx e Engels podemos identificar muitas questões relacionadas à educação, embora não tenham dedicado nenhuma obra específica a tal assunto. Mesmo desta forma, o aprofundamento é muito pertinente a época e contexto em que viveram. As situações produzidas pelo capitalismo foram propulsoras de suas opiniões e questionamentos acerca do tema. A primeira metade do século XIX há a consolidação do capitalismo e burguesia, contestados pelo movimento socialista e anarquista. O descaso com as questões sociais, especificamente a educação, juntamente com os problemas enfrentados pela população operária, colocam a educação e ensino em primeiro plano, considerando-o como instrumento de transformação.



O capítulo do livro que trata sobre Educação, Trabalho Infantil e Feminino apresenta qual o valor dado a educação, e quais as prioridades das famílias, que nem sempre consideravam os desejos e necessidades das crianças e adolescentes.O autor considera incorreta a participação de crianças e adolescentes na indústria moderna. Para tanto, faz uma análise do trabalho destes sob enfoque da família, educação e sociedade. Esta, deveria garantir aos seus membros todos os direitos, já que sozinhos não poderiam fazê-lo. A burguesia e aristocracia, preocupam-se apenas com suas crianças, da sua classe. Na classe operária é diferente.



O trabalho individual nem sempre compreende o verdadeiro interesse de seus filhos nas condições normais do desenvolvimento humano. O setor mais culto desta classe, considera a formação muito importante, julgando necessário aliar ao trabalho a educação, que pode ser classificada em intelectual, corporal e tecnológica.Acredita-se que esta formação aliada ao trabalho produtivo, eleverá a classe operária a cima dos níveis das classes burguesa e aistocrática.Engels repudia a degradação moral causada pela exploração capitalista do trabalho de mulheres e crianças.



A preocupação com o intelectual, afetado pelo trabalho operário, fez com que o parlamento inglês promulgasse a lei fabril, garantindo às crianças 3 horas por dia na escola com umprofessor responsável.Tal lei prevê nº de hora e dias, frequencia e assiduidade de cada aluno, de acordo com sua idade e ocupação.Nos anos seguintes a lei obteve modificações a fim de beneficiar os verdadeiros projudicados neste sistema, mas com discordância por parte de alguns empregadores.



Marx e Engels, pretende, não retornar a situações pré- capitalista, mas ir além do capitalismo, e essa superação só pode se realizar acentuando as contradições e desenvolvendo as possibilidades do próprio capitalismo.As propostas de Marx e Engels se movem num horizonte bem concreto: criticar a atual instituição escolar e mudá-la.Estavam conscientes das necessidades culturais, cientificas e técnicas, das forças produtivas que a sociedade industrial havia posto em marcha.Ambos procuravam fugir das colocações abstratas. A situação que lhes interessava é a dos trabalhadores e o modelo que pensam é o de uma estrutura social onde os trabalhadores tenha a hegemonia, onde desapareça a divisão do trabalho e a FELICIDADE substitua a NECESSIDADE. A relação entre a divisão do trabalho e a educação e o ensino não é uma mera proximidade e nem uma mera consequência, mas é uma articulação profunda que explica com toda claridade os processos educativos e manifesta os pontos em que é necessário pressionar para conseguir sua transformação,conseguindo não só e emancipação social, mas também e de forma muito especial a emancipação humana.



O texto retrata a situação de crianças do século passado, mas parece que faz uma relação com algumas crianças que conhecemos. Muitos de nossos alunos também necessitam trabalhar para ajudar no sustento em casa. Muitas vezes eles mesmos são responsáveis pela parte financeira, ou quando mão ocupam esta posição, precisam cuidar dos afazeres domésticos e dos irmãos menores enquanto os pais trabalham. nestes casos, a educação nem sempre é valorizada, pois faltam a aula, sem dar explicações à professora, e sem motivação pessoal e incentivo da família, acabam evadindo.Como naquele tempo, também temos uma lei que, de certa forma, ampara nossas crianças: o ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente. Mas na prática sabem que ele não é respeitado.





E nós, professoras?...

O que temo a ver com tudo isso?



É importante considerar que Marx e Engels ou até mesmo Paulo Freire preocupavam-se e se mobilizavam em torno das pessoas trabalhadoras, com o objetivo de torná-las mais felizes, o mundo menos injusto.Deixaram escrito isto.E nós não temos a competência de conhecer em nosso tempo e nem concretizar este sonho que fez parte de obras destes educadores.Lamentamos.



É muito complicado essa questão, pois trabalhamos numa realidade bastante carente, em que muitas crianças precisam trabalhar para sobreviver... Como vou convencer os pais da criança que contribui financeiramente em casa, da importância da escola na sua vida? É certo pedir para que parem de trabalhar? Muitas foram as conquistas da mulher até os tempos atuais, mas será que tais conquistas nos dá a igualdade social? E que benefícios através da igualdade social a mulher busca com relação ao homem? É uma questão bastante delicada, mas não pode ficar sem a nossa ação. De alguma forma precisamos contribuir para a reversão deste quadro

 

ECS - Semana 10 / atividade 10

Publiquei o início de minha wikistoria. Que atividade interessante! A possibilidade de interação e de formulação conjunta de uma história nos faz pensar, de imediato, na colaboração e responsabilidade necessárias para o bom resultado final de uma tarefa deste porte.

domingo, novembro 26, 2006

Reflexões sobre as palavras de Charlot

Após ler a entrevista com Bernard Charlot na revista Nova Escola de outubro de 2006, na qual afirma acertadamente que a escola perde seu sentido quando faltam “reflexão no saber e prazer e aventura em classe”, busquei na Internet mais dados acerca deste pesquisador francês que tem olhado para a escola brasileira com uma especial atenção. O que mais cativou-me em sua postura foi a sua escolha por não apontar obstinadamente os culpados pelos problemas que todos nós conhecemos. Charlot opta pela busca da origem das crises enfrentadas diariamente nas mais diferentes escolas do Brasil e de sua terra natal, a França.

Conclui o pesquisador que certas questões são universais e que a escola é uma delas.

Para Charlot, existe realmente um descompasso entre o professor e o aluno. Os frutos de tamanho abismo são a falta de entendimento acerca dos resultados obtidos pelo aluno ao final de um dado período de estudos. O aluno argumenta que estava presente em todas as aulas e diz não entender o porquê de uma avaliação negativa por parte de um professor que afirma ser o educando um preguiçoso. Obviamente são dois pontos diferentes – presença física e comprometimento com o trabalho – e que acabam resultando discursos distintos. Para o professor Bernard Charlot, o que precisa ser analisado por ambas as partes é a sua trajetória no ensino, na construção do saber, observando também a situação de aprendizagem sob o ponto de vista alheio, buscando entender onde houve falha.

Segundo o mestre, para os alunos franceses a escola é um lugar basicamente onde lhe é proporcionada diversão e espaço para namorar. Quanto as tarefas, trabalhos solicitados e prazos por cumprir, estes seriam apenas para atender aos interesses dos próprios professores. E se, em função de tal descaso, a instituição reprová-lo, ainda consideram uma injustiça tal decisão.

Talvez a afirmação mais sedutora de Charlot seja a de que o professor espera encontrar na sala, em cada aluno, um clone de si mesmo, ou seja, um ser dado à reflexão, crítico, um leitor do mundo e das obras indicadas. Mas, para Charlot, a parte também existente no professor, que questiona, que argumenta contra certas determinações e que nem sempre segue as determinações de seus superiores sem antes fazer algum protesto, esta fração de si mesmo o professor rejeita no aluno, vendo neste tipo de docente aquele que atrapalha, que incomoda, isto é, o mau aluno.

E por que tal tensão insiste em existir? Nas palavras do próprio educador, “o primeiro problema que o docente enfrenta é não produzir diretamente seu trabalho. Explico: o que faz o aluno aprender é sua própria atividade intelectual, não a do mestre. O trabalho do educador é despertar e promover essa atividade.”


domingo, novembro 19, 2006

ECS 9 - Versão inicial; primeiras reflexões

Interessante saber que os autores estudados, Marx e Engels, jamais escreveram sequer um simples folheto sobre educação e ensino, mas o quanto estão presentes com suas teorias nas reflexões da práxis cotidiana de nossa sociedade. Contudo, como todo socialista, viram no ensino possibilidades de transformação, ou seja, instrumentos para libertação das condições opressoras da sociedade capitalista. O texto de Weber e Engels fala da saída do homem do campo para a fábrica e da exploração de seu trabalho pelo capital.

Os trabalhos mais simplórios, aqueles que não exigiam grandes habilidades intelectuais, para eles impedia que o operário pudesse ocupar seu pensamento com qualquer coisa que não fosse consertar o que se rompesse na linha de produção ou zelar pelo bom funcionamento de todas as engrenagens. O indivíduo permanecia alijado de suas faculdades criativas.

Entretanto, é este mesmo sistema capitalista que promove (pois exige) uma certa capacidade intelectual dos seus operários. Com isso, incrementou-se o número de escolas e vimos cair os índices de analfabetismo. Paralelamente, o trabalho infantil aumenta, assim como o número de mulheres no mercado de trabalho também. Neste contexto, o grau de complexidade de uma tarefa está intimamente ligado a idéia de instrução; quanto menor a complexidade, menor também é a necessidade de aprofundamento intelectual, maior a quantidade de pessoas disponíveis para tanto e, por isso, o surgimento da mão de obra barata. Por isso, entenda-se que este índice menor de analfabetismo não significa, necessariamente, um intelecto aprimorado sendo buscado pelo capitalismo. O que se deseja é que o operário saiba ler e escrever, bastando isso.

quarta-feira, novembro 15, 2006

EPPC 11

Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de EducaçãoPedagogia a distância: Anos iniciais do Ensino Fundamental (PEAD)Aluno: Paulo Assis Costa MedeirosPólo: Gravataí
Interdisciplina: ESCOLA, PROJETO PEDAGÓGICO E CURRÍCULO
Professora: Rosane Aragon de Nevado
Unidade: 6
Atividade: 11
Data: 15 de novembro de 2006

Filme escolhido: Escola do Rock

Ficha Técnica do Filme
Título Original: School of Rock
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 108 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2003
Site Oficial: www.schoolofrockmovie.com
Estúdio: Paramount Pictures / Scott Rudin Productions / MFP Munich Film Partners GmbH & Company I. Productions
Distribuição: Paramount Pictures / UIP
Direção: Richard Linklater
Roteiro: Mike White
Produção: Scott Rudin
Música: Craig Wedren
Fotografia: Rogier Stoffers
Desenho de Produção: Jeremy Conway
Direção de Arte: Adam Scher
Figurino: Karen Patch
Edição: Sandra Adair

Elenco:
Jack Black (Dewey Finn), Mike White (Ned Schneebly), Joan Cusack (Rosalie Mullins), Sarah Silverman (Patty Di Marco), Joey Gaydos Jr. (Zack), Miranda Cosgrove (Summer Hathaway), Kevin Alexander Clark (Freddy Jones), Robert Tsai (Lawrence), Maryam Hassan (Tomika, Rebecca Brown (Katie), Caitlin Hale (Marta), Aleisha Allen (Alicia), Brian Falduto (Billy), Zachary Infante (Gordon), James Hosey (Marco), Angelo Massagli (Frankie).

Questões para análise:
a) Qual é o tipo de escola retratado no filme?
b) O que fez o professor para ensinar?
c) O que mostra que os alunos estão aprendendo?
d) Todos os alunos aprendem do mesmo jeito?
e) Todos os alunos podem ser tratados da mesma maneira?
f) Como lidar com as diferenças?

O filme tem todos os elementos presentes para um desastre cinematográfico: uma fórmula já conhecida do professor que desafia normas rígidas de uma escola de elite, causando mudanças profundas no corpo discente e docente, aproximando pais e filhos e, de quebra, lapidando seu próprio perfil pessoal, geralmente um caos neste tipo de personagem.

Contudo, as quase duas horas de picaretagem, trapaças, ensaios musicais, revelações de foro íntimo e superações pessoais resultam numa excelente surpresa de hollywood. Aliás, haver escalado o ator e cantor de rock Jack Black confere uma aura de veracidade às palavras do professor nada convencional quanto este fala da importância de não desistir dos sonhos, por mais que as pessoas os ridicularizem.

Também é importante frisar que as crianças presentes no filme foram escaladas mais pelo talento musical (todos realmente tocam os próprios instrumentos) do que pela capacidade de interpretação, ainda que nem nesta área deixem a desejar.

As crianças estudam em uma escola privada, dirigida por uma senhora inflexível quanto às regras, a qual apresenta uma grande insegurança no contato com os pais dos alunos. Enquanto se mostra severa na punição de qualquer falha de alunos e professores, não demonstra a mesma tenacidade em cobrar uma presença maior dos pais no cotidiano escolar de seus filhos, visto que os responsáveis somente aparecem na escola na chamada “noite dos pais”. Trata-se de uma instituição possuidora de todos os recursos didáticos e tecnológicos imagináveis e que, aparentemente, possui um corpo docente impecável em seus currículos. Aliás, por isso mesmo é que percebemos que apenas em uma obra de ficção um farsante como o retratado por Jack Black poderia lecionar em tal escola.

Como tal, o senhor S, nome dado ao “professor”, mostrou-se completamente perdido nos primeiros minutos com os alunos em sua estréia como substituto de uma professora. Visto que os alunos já estavam visivelmente acostumados com uma rotina imutável, sua perplexidade era tamanha perante o dito professor que imediatamente contestaram suas idéias nada ortodoxas para aquele primeiro dia de atividades. Contudo, a rejeição inicial deu lugar à aceitação das sugestões do senhor S quando este passou a destacar nos alunos suas habilidades completamente ignoradas tantos pela escola quanto por suas famílias.

No filme, o que mostrava que os alunos estavam aprendendo eram suas intervenções criativas que ajudavam a todo instante ao próprio professor na condução das tarefas propostas. Um exemplo claro de tal afirmação fica por conta do menino que criou. em apenas três dias, e sem o auxílio direto do professor, uma complexa sequência de iluminação e animação computadorizada para a apresentação dos colegas da banda de rock. Porém, o diretor deixou claro que as crianças não aprendem do mesmo modo, fazendo com que alguns alunos do senhor S o desafiassem constantemente mostrando-se completamente desmotivados por não acreditarem que tivessem qualquer talento. Certos alunos necessitavam apenas de uma ou duas palavras de incentivo, enquanto outro exigiam uma atenção exclusiva, particular e quase permanente para que correspondessem aos objetivos do grupo. Mas, aparentemente, o professor pecava ao demonstrar desinteresse pelas sugestões dos pequenos. Por exemplo, com o menino estilista, temos um excelente exemplo de perseverança, pois mesmo quando tem suas sugestões de roupas para o grupo completamente reprovadas, agarra-se a um comentário dito ao acaso e quase ironicamente – melhor usar uniformes no palco – transformando tal sarcasmo em ponto de partida para a criação de roupas que eram nada mais que uma revisão do uniforme escolar, agregando a este elementos próprios de uma banda de rock.

Os alunos não eram tratados da mesma maneira, desmistificando a idéia muito presente de que todos os alunos são iguais aos olhos do professor. Ainda que os educadores não façam distinção entre seus alunos na sua capacidade de aceitá-los em suas diferenças, o senhor S nos mostra o quão importante é não mascarar as diferenças de cada criança, estando alerta para as situações em que tais diferenças podem ser valorizadas, para promover a inclusão de cada um em seu grupo, tendo presente entre as crianças que não há ser humano apto a tudo, sabedouro de todas as coisas e que cada um pode e precisa contribuir com o que é para que possamos todos crescer juntos.

domingo, novembro 12, 2006

ECS 8 - Experiências e expectativas no curso

Escrevo este pequeno texto aos colegas de meu grupo de PEAD e a todos os que acessem o blog, relativo ao trabalho solicitado na atividade ECS8, na qual somos orientados a escrever acerca de nossas experiências no curso, os desafios enfrentados, conquistas, expectativas, etc.

Tem sido extremamente prazeroso estudar utilizando computador, os inúmeros recursos disponibilizados através do Rooda, o contato com os colegas via e-mail e a ausência de um horário inflexível de aulas diárias, como aconteceria em um curso presencial.

Alguns colegas, percebo pelos relatos nos fóruns, justamente queixam-se da pouca troca face a face com os demais. Pois a possibilidade da quietude, do retiro para estudar no recanto eleito em meu próprio lar foi, a princípio, o que me motivou a inscrever-me no vestibular assim que anunciado. Sempre preteri os trabalhos em grupo quando adolescente e mesmo adulto. Embora nunca tenha confundido tal opção com dificuldade para trabalhar em equipe, a educação a distância respeita meu próprio tempo, visto que nem todas as atividades necessitam do mesmo período de horas para serem realizadas.

Anos atrás, estudando no Japão, passava cerca de doze horas frente a uma escrivaninha em um laboratório de química, compartilhando-o diariamente com um professor e outros cinco alunos japoneses. O ritmo de trabalho era constante, mas sem pressão, ou seja, não havia prazos curtos para a apresentação de trabalhos. Deveriam, primeiramente, primar pela qualidade. E aquelas doze horas, a maioria imersas no mais completo silêncio que fazíamos, quando apenas sons do teclado dos computadores, o folhear das páginas dos livros ou os ruídos de algum experimento que estivesse certo aluno estivesse a conduzir promoviam uma atmosfera de introspecção e estudo. Ainda que, atualmente, eu não disponha das mesmas doze horas diárias para aplicar-me aos estudos, em função da carga horária de trabalho, procuro equacioná-las da melhor forma ao longo da semana.

Aliás, a escassez de tempo pode tornar-se uma dificuldade para cada um de nós se este não for devidamente gerido. Desde o início do curso, incontáveis foram os finais de semana nos quais foi preciso deixar amigos de lado, a tv desligada, aquele livro esperando, entre outras coisas, prevalecendo todo o tempo disponível para as atividades programadas. Penso que se isso nos parece um tormento, estamos na modalidade errada de estudos ou trabalhando horas em demasiado ao longo da semana, destinando um período insuficiente para o que necessita de uma atenção maior: nossa formação.

A dificuldade maior que encontrei afirmaria ser por conta da postagem das atividades. Nada que nos impossibilite o trabalho, mas uma unicidade na publicação seria bem-vinda.
Causa-me igualmente certo desconforto quando me deparo com blogs de colegas repletos de registros que não lembrei de postar no meu blog pessoal. Por vezes leio alguma colega escrevendo sobre as visitas que fez ao demais blogs na semana 1, na semana 2 e assim sucessivamente e penso: deveria fazer o mesmo? Ou seja, devo transformar meu blog em um registro diário de tudo o que é pertinente ao estudos? Acho interessante isso, mas não estou certo se é o objetivo principal. E como escrevia sobre tempo, sendo este menor para uns do que para outros, quanto mais pudermos focar o mesmo em um número menor de tarefas, acredito que todos ganharão em qualidade na produção das mesmas.

Quanto às dificuldades encontradas, estas são diferentes de acordo com a interdisciplina. Por exemplo, até o momento todas as tarefas da interdisciplina Educação e Tecnologias da Comunicação e Informação exigiram o conhecimento que já possuo em informática. De qualquer modo, aprendi a explorar novos recursos em cada um dos softwares indicados, principalmente através dos tutoriais muito bem elaborados. Já nas demais interdisciplinas, percebi que foi preciso privilegiar o total silêncio para desenvolver as tarefas solicitadas, pois exigiam bastante leitura e reflexão (de modo algum estou afirmando que a interdisciplina de Educação e Tecnologias não necessite de concentração e retiro; apenas que não enfrentei dificuldades com os softwares).

E é na superação das dificuldades que refletimos acerca de nossas conquistas. E estas foram muitas para todas, estou certo, mesmo que em menor ou maior grau de importância aos olhos alheios à nossa trajetória pessoal. O próprio blog pessoal já é uma conquista, principalmente para aqueles colegas que não tinham muita intimidade com a informática. Acessar o Rooda, postar atividades, deixar recados no fórum e depoimentos sempre sinceros no diário de bordo – tudo representa o reflexo do progresso de cada um. Contudo, creio que experimentei um especial momento de conquista em uma determinada reunião pedagógica na Escola em que leciono, quando foi-nos pedido tecer algumas linhas acerca de um determinado tema. Notei o quanto as leituras indicadas pelos nossos professores da UFRGS contribuíram, mesmo nesses poucos meses de curso, para uma reflexão mais acurada, embasada em teorias e utilizando uma terminologia apropriada, comentário tecido pela equipe pedagógica em particular com relação à minha produção textual. Senti-me lisonjeado pelos comentários e grato aos meus professores.

Aliás, aproveitando que citei “comentários”, como tem sido importante receber por parte dos professores, tutores e colegas e-mails e comentários acerca das atividades que são publicadas! Percebo que as palavras não são digitadas a esmo e que todos realmente preocupam-se em elogiar algo bem feito. E quem não gosta de receber um parecer positivo acerca do que compartilha com tanto prazer?

A respeito dos pareceres, já aconteceu de receber de uma tutora um alerta para uma atividade que eu postara anteriormente, mais precisamente sobre o painel da escola a partir de uma imagem desta, dando conta que meu trabalho não correspondia necessariamente ao que fora pedido. Percebi, após rever meu trabalho que, realmente, o resultado estava longe de representar o que um aluno da UFRGS e professor teria condições de fazer. Grato por receber um estímulo para refazer o painel, notei que preocupara-me mais na manipulação da imagem escolhida, alterando digitalmente vários elementos para agregar um novo sentido à fotografia escolhida, deixando involuntariamente a concepção de escola para um segundo plano. Em tempo: esta atenção da tutora fez-me experimentar o quão podemos crescer a partir de um erro quando bem orientados.

Quanto às expectativas para os próximos meses, acredito que seremos todos mais e mais cobrados, o que será um estímulo na busca por lapidação pessoal e profissional. Creio igualmente que certas dificuldades encontradas neste semestre estarão fadadas ao passado, cedendo lugar a outras com as quais todos precisaremos lidar. O importante é que mantenhamos em mente o que nos trouxe à UFRGS e que não permitamos que colega algum se esqueça o quão imperativo é para o nosso trabalho qualificar nossa práxis cotidiana.

sábado, novembro 04, 2006

EPPC 9


Caros professores, tutores e colegas:

A atividade 9 da unidade de estudo 4 já se encontra postada em meu webfolio. Caso não seja possível, em seu computador, abrir corretamente o arquivo salvo em modo texto, salvei-o também com a extensão html, a fim de que o mesmo pudesse ser lido em qualquer computador.

Agradeço sua apreciação.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Paulo Freire - EPPC 3



Leituras a respeito de Paulo Freire

Paulo Freire, ao desenvolver suas pesquisas e reflexões acerca da educação, optou por seguir o dia a dia de sua práxis. O método Paulo Freire veio como uma imperiosa necessidade de inventar um novo instrumento, este eficiente como meio para responder ao desafio que lhe propunha o cotidiano.

Aos 38 anos publicou seu primeiro livro, Educação e Atualidade Brasileira, um resultado da experiência acumulada em aulas, conferências, relatórios e debates. Em sua fala, pregava tanto contra a consciência intransitiva quanto àquela fanatizada. Para ele, a educação precisa ajudar as pessoas a exercerem a consciência crítica como forma de vida.

Para Freire, educar necessita de paixão. "A paixão implica em interesse pelo outro, em desejar o desejo do outro, em querer aprender, dialogar, influir, formar. Aponta para a busca de se conhecer e de se transformar. Pressupõe a consciência da incompletude do ser humano. Daí o desejo de se modificar, de formar, não para que todos pensem igual, mas para que todos possam crescer, libertar-se e ser solidários, na base do respeito à diferença." Diferente da pedagogia tradicional, a pedagogia freireana coloca o diálogo enquanto centro da educação, não a figura de uma pessoa, ou seja, nem o professor, nem o aluno.
A educação, para Paulo Freire, não pode se furtar do seu papel de fonte de esperança, pois ele só validava a prática pedagógica que devolvesse ao educando a esperança de que, com a educação, este poderia mudar seu status quo, mudando sua história com suas próprias mãos, não tornando seu presente o resultado de um passado que escraviza e determina a trajetória de cada um.

Freire instigou os professores a mudar o modo como ensinam e aos educando exortou a mudar sua própria história. Com sua práxis, forjou uma pedagogia e uma sociologia da educação vinculadas a um chamamento em favor da democratização da sociedade e da escola. O educador apresentou uma teoria centrada no diálogo, na reciprocidade e um método de problematização que devem ser reinventados tanto por professores quanto pelos alunos em cada nova situação vivida.

EPPC 8



Fotografia: Professor Miguel Arroyo

Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Educação
Pedagogia a distância: Anos iniciais do Ensino Fundamental (PEAD)
Aluno: Paulo Assis Costa Medeiros
Pólo: Gravataí
Interdisciplina: ESCOLA, PROJETO PEDAGÓGICO E CURRÍCULO
Professora: Rosane Aragon de Nevado
Unidade: 3
Atividade: 8
Data: 22 de outubro de 2006

RESUMO ANALÍTICO

Título: Certezas nem tão certas

Autor: Miguel Arroyo

Dados da publicação: Ofício de Mestre: Imagens e Auto-Imagens. 2.ed. Petrópolis, RJ. Vozes, 2000.

Palavras-chave: Crenças, valores, retenção, desestabilizar, resistências, tensão


Temática principal: O texto do professor Miguel Arroyo fala basicamente acerca dos tempos humanos. Atento ao tempo de cada indivíduo e sua maturidade, Arroyo defende os ciclos como uma organização que respeita a prontidão do educando, derrubando crenças que na organização seriada engessam os fazeres da escola, entre as quais a de que uma escola que não reprova seria uma escola em que não existiria avaliação, sendo o contrário um dos valores mais arraigados no cotidiano escolar. Defende ainda o professor que, na melhor das intenções, escolas limitam-se a discutir como reduzir índices de aprovação, mas não como acabar com ela.

Conclusões do autor: O professor parte de uma afirmação: a escola seriada não respeita os tempos de cada aluno, ignorando por conseguinte o próprio educando como ser humano. Ao defender, contudo, uma organização escolar em ciclos, o autor ressalta que muito do que se percebe como sistema de ciclos instituídos nas escolas públicas brasileiras não é de forma alguma semelhante ao que ele vem postulando. Arroyo destaca que denominações tais como primeiro ciclo e segundo ciclo estão muito próximas do antigo primário e antigo ginásio e que são, tão somente, mais uma forma de organizar as séries. Ao promover um verdadeiro escrutínio no real sistema de ciclos e no sistema seriado, promovendo uma reflexão sobre ambos, afirma que cada reprovação ocorrida no segundo é um “tapa na cara em nosso profissionalismo”. Não sobra espaço para qualquer dúvida a respeito do que moveria os professores em protesto à ciclagem das escolas: o receio quanto a existência ou não da reprovação na escola por ciclos, visto que “certamente” os discentes não estudariam disciplinada e efetivamente sem o medo de uma possível reprovação. Para Arroyo, urge aprofundarmo-nos em estudo acerca do porquê ser tão sagrada a cultura da retenção de alunos. Sendo assim, lança um questionamento ao leitor educador quanto a como devemos estruturar o processo pedagógico a fim de valorizar toda uma pluralidade de tempos de cada educando, singular em cada etapa do seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, cultural, ético e social, para ficarmos nestes. E, em tempo, decreta que “reprovar será sempre uma violência para os educandos e educadores”.

Idéias do autor a partir de minhas experiências: Não escolhi em vão a leitura de um artigo do professor Miguel Arroyo, visto que conheço suas idéias acerca do sistema de ciclos e seu completo desencanto com o sistema seriado. Já trabalhei em uma escola ciclada, mas percebia que em quase nada diferenciava-se de outras escolas, seriadas, na forma como conduziam o cotidiano pedagógico em todas as dependências da instituição de ensino. Recordo-me que os alunos que não apresentavam condições de promoção para o que seria a série seguinte na escola seriada, eram colocados em turmas de aceleração em turno contrário ao dos estudos regulares. Particularmente, pensava que tanto a carga horária dobrada de estudos quanto a ênfase em uma recuperação de conteúdos em nada se diferenciava da prática cotidiana e nada mascarada das escolas por séries. Ou seja, para mim a escola ciclada era apenas um modismo e não apresentava as soluções para os impasses que afirmava poder resolver de forma definitiva quando comparada a uma escola de sistema seriado. Pois ao ler este texto de Miguel Arroyo dei-me por conta que nem de longe esta dita escola ciclada mereceria tal denominação. O próprio Arroyo cita as mesmas incoerências, indo além, afirmando que são todas práticas medíocres, sem grande rupturas. De qualquer forma, não sei se discordo do professor ou da LDB, quando ele nos lembra que a mesma impute nos educadores a tarefa de dar conta da formação humana plena dos educandos. Perguntaria ao professor a respeito do papel da família do educando em sua formação; estaria a LDB nos isentando apenas de alimentar e vestir nossos alunos? De qualquer modo, também eu acredito que o educando não pára por não saber regras gramaticais ou toda a tabuada de multiplicação de forma a não hesitar ao usá-la. Acredito piamente que todos têm seu momento e aqui simpatizo com a verdadeira escola ciclada, ainda que eu trabalhe há dezoito anos em uma escola onde estão previstas séries em seu projeto político pedagógico. Aliás, como pode-se atestar pela reuniões de professores ao longo do ano letivo, persiste uma preocupação muito grande com relação à construção do conhecimento dos alunos, formas e caminhos para efetivá-la, diminuindo e, não negamos para um futuro próximo, extirpando a reprovação do nosso rol de probabilidades finais.

EPPC 6



          DESPERTAR

Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Educação
Pedagogia a distância: Anos iniciais do Ensino Fundamental (PEAD)
Aluno: Paulo Assis Costa Medeiros
Pólo: Gravataí
Interdisciplina: ESCOLA, PROJETO PEDAGÓGICO E CURRÍCULO
Professora: Rosane Aragon de Nevado
Unidade: 3
Atividade: 6
Data: 13 de outubro de 2006


A professora Lucia Helena Carrasco em seu texto “despertar”, propõe uma reflexão sobre movimento. Não um movimento ordinário, qualquer, um simples deslocamento de corpos materiais. Atenta ao cotidiano das escolas a nossa volta e a esta necessidade de movimento, instiga o leitor-educador a sair de seu estado de imobilidade. Um abandono, um desgarrar-se da postura viciada na segurança e na previsibilidade.

Com sensibilidade suficiente para não apontar culpados desse estado de imutabilidade, busca no próprio cotidiano daqueles que compõem este universo chamado escola as razões para que se promova uma ruptura urgente não em apenas um, mas em todos os segmentos das instituições de ensino. Fugindo do equívoco fácil de apontar na prática do professor a razão para desencanto e pelas reprovações de alunos, não nos exime de certa parcela de responsabilidade, mas resgata a necessidade de um olhar mais profundo com relação às causas da expectativa frustrada ao final de um ano letivo: a ausência de um entendimento de suas raízes, estas de cunho social, político, familiar e pedagógico e seus efeitos imediatos. É o todo que não se conhece ou fica invisível aos olhos vendados daqueles que não se permitem sondar o que possa existir além de suas próprias certezas.

Em tese, todo educador estuda, lê e ouve que precisa partir da realidade do aluno ao planejar suas aulas. Mas que realidade é esta que não é conhecida e que só mostra sua cara nos atos de violência cometidos dentro da própria instituição, emprestando, principalmente ao adolescente, uma aura de negligência consigo mesmo e desrespeito a toda regra, mesmo se constituída pelo grupo como um todo?

Aparentemente, todo aluno sabe que à escola cabe o papel de ser ponte entre sua condição presente e suas aspirações quanto ao futuro. Entretanto, fruto de uma cultura ocidental imediatista, não espera a maturação necessária de seus projetos, ficando ele também cego às necessidades próprias de seus mais caros desejos de médio e longo prazo. A urgência de um despertar está estampada em cada parede pichada, em seus cadernos incompletos, nas tarefas jamais concluídas ou sequer iniciadas. Igualmente se encontra na merenda jogada ao chão, nas lixeiras vazias e nos espaços de convivência imundos. Entretanto, parece-me que a mais gritante prova de uma necessidade de mudança de paradigmas na sociedade e, portanto, nas escolas, é o fato de que nossos alunos não têm mais um exemplo em quem se espelhar. Cresceram em um cotidiano no qual aprenderam com as apresentadoras de programas infantis que um corpo bem trabalhado basta, mas esqueceram-se que nem todos seremos modelos de revistas de moda ou personagens de reality shows, e que tais experiências de vida são por demais efêmeras. E não se trata de ter alguém para imitar, pois incorreriam no erro de subestimar o valor de sua singularidade. Trata-se de uma lacuna quase completa de valores que se mostrem perenes e significativos na construção de uma vida plena, feliz e repleta de sabedoria.

Por sua vez, ao educador que se depara com seus alunos canalizando uma imensa energia para toda e qualquer atividade que não seja a proposta por ele, restam inúmeras alternativas, mas infelizmente talvez seja a de indiferença, fruto da insegurança para intervenções nunca experimentadas, aquela da qual mais comumente lance mão. As respostas para tais questões, os caminhos a seguir e as ações necessárias por certo não se encontram impressos em livros nem serão ouvidos em seminários de formação continuada.

Um bom início seria diminuir a ansiedade do professor em estar sempre de posse do conhecimento e das etapas da sua construção. Inteirar-se de outras ferramentas, atrativas aos seus alunos, fazendo uso delas para uma aproximação entre as partes, promovendo assim o movimento tão necessário para que ocorra essa ruptura necessária em que o torpor de um cotidiano enfadonho e repetitivo a todos coloca. Aluno e professor precisam percorrer caminhos paralelos e que, com freqüência, se tornem um só, ou todos correremos o risco de termos nas nossas escolas um exército de espíritos adormecidos, aguardando um futuro que parece tão distante, torcendo que ele seja mais instigante e atrativo que o presente.

Marx e Engels - ECS 7 - Em hipertexto



Engels (esq) e Marx

A cidade mais antiga da Alemanha, Trier ou Tréveris, orgulha-se de haver concebido um dos fundadores da Sociologia, o intelectual Karl Marx. Nascido em 5 de maio de 1818, este alemão influenciou também a filosofia, a economia e a história. Nascido em uma família de classe média, Marx teve uma trajetória de vida, com freqüência, marcada por restrições políticas e sociais de todo tipo. Seus próprios pais, de origem judaica, visaram-se forçados à conversão ao cristianismo em função da restrição dos judeus no serviço público da época. Iniciou Direito em Bohn mas foi impedido de prosseguir a carreira acadêmica já na Universidade de Berlim pelo recrudescimento do absolutismo prussiano. Já redator-chefe de um jornal em 1842, viu a redação ser fechada pelo governo. Emigrou para a França e casou-se, mas conheceu péssimas condições financeiras ao lado da esposa e prole formada por cinco crianças. Foi assim que, durante grande parte de sua vida adulta, Karl Marx procurou sustentar a si e à família com os recursos advindos de artigos que publicava em jornais alemães e americanos, assim como através do auxílio financeiro de seu amigo Friedrich Angels. De qualquer modo, Marx falhou em seu intento de angariar fundos por meio da publicação de livros que analisassem a história recente.

Em sua dialética, afirmava que o conhecimento espiritual de modo algum alteraria a produção da existência e, por conseguinte, a sua interação social. Pregava que o corpo social transformava sua subjetividade com a atividade prática.

Rejeitava o materialismo teórico e reivindicava uma filosofia que se propusesse a modificar o mundo em lugar de apenas interpretá-lo. Pensamento e realidade deveriam coexistir. Sociólogo humanista, preocupava-o sobremaneira a alienação do homem e a acumulação do capital.

"O que Marx mais critica é a questão de como compreender o que é o homem. Não é o ter consciência (ser racional), nem tampouco ser um animal político, que confere ao homem sua singularidade, mas ser capaz de produzir suas condições de existência, tanto material quanto ideal, que diferencia o homem."

O ponto de partida da teoria marxista é, definitivamente, a economia inglesa de então. Durante a revolução industrial, surgiu a classe proletária, fruto do capitalismo industrial, o qual proporcionou a concentração de capital nas mãos de poucos. De acordo com a concepção marxista, haveria uma permanente dialética das forças entre poderosos e fracos, opressores e oprimidos, sendo a história da humanidade constituída por uma permanente luta de classes.
"Marx tentou demonstrar que no capitalismo sempre haveria injustiça social, e que o único jeito de uma pessoa ficar rica e ampliar sua fortuna seria explorando os trabalhadores, ou seja, o capitalismo, de acordo com Marx é selvagem, pois o operário produz mais para o seu patrão do que o seu próprio custo para a sociedade, e o capitalismo se apresenta necessariamente como um regime econômico de exploração, sendo a mais-valia a lei fundamental do sistema."

Tal qual Marx, Friedrich Engels foi um filósofo alemão. Nasceu em 28 de novembro de 1820 e morreu em 5 de agosto de 1895. Era filho de um rico industrial de Barmen. Com Marx, fundou o socialismo científico ou marxismo. O trabalho conjunto de ambos se deu de maneira tão sistemática que o próprio Manifesto Comunista foi uma obra escrita a quatro mãos. Também ajudou a publicar, após a morte de Marx, os dois últimos volumes de O Capital, principal obra de seu amigo e colaborador.

Engels escreveu livros de profunda análise social. Sem dúvida nenhuma, Engels foi um filósofo como poucos: soube analisar a sociedade de forma muito eficiente, influenciando diversos autores marxistas.

Sua juventude já dava sinais do caminho que filho de Barmen seguiria. Impressionado com as condições de miséria extrema em que viviam os trabalhadores das fábricas de sua própria família, escreveu A situação das classes trabalhadoras na Inglaterra, obra publicada em 1845. Foi durante o período em que acumulava material para compô-la, que encontrou Marx em Colônia. A partir de então, passou a participar ativamente do movimento operário e socialista internacional. Em 1870 vendeu as ações da firma que dirigia, instalando-se em Londres para dedicar-se exclusivamente à luta revolucionária, contribuindo para a formação dos partidos socialistas francês e alemão. Acabou por tornar-se o maior líder do movimento operário internacional.

Uma década depois, nos anos que se seguiram a 1880, na maior parte dos países europeus já existiam organizações proletárias, surgindo a necessidade imperativa de consolidar a solidariedade entre elas, tornando-se uma das tarefas principais, a criação de uma nova organização internacional, que reunisse socialistas de todo mundo.

Já com a idade avançada e com a saúde precária, em 1893 Engels viajou por vários países europeu a fim de ativar a propaganda marxista. Exortou a manter e proteger, em todas as circunstâncias, a unidade na luta contra o capitalismo.

Hoje, as classes menos favorecidas e que lutam pela sua emancipação tornaram suas as idéias de Marx e Engels. Para os dois sociólogos, quanto maior fosse a sua força como classe revolucionária, mais próximo e possível estariam os desfavorecidos do socialismo.

terça-feira, outubro 31, 2006

ECS 4 - Rever os próprios trabalhos e os blogs de colegas

Por que nos acostumamos ao ritmo frenético de nosso cotidiano? Definitivamente, uma parada é necessária e esta foi a oportunidade oferecida pela tarefa: visitar os blogs dos colegas, deixar-lhes recados e repensar em nossa caminhada até o momento.

Os blogs que visitei, de quatro colegas de Gravataí – Nara Oliveira, marta Capistrano, Sabrina e Fárida – mostram o quanto cada um de nós já cresceu desde o primeiro dia. Ainda é latente a lembrança da aula inaugural, na qual o ROODA pouco significava para nós, pois não tínhamos a exata noção do que este ambiente virtual representaria em nossa trajetória. Os encontros foram sucedendo-se e, semanas depois, percebe-se uma maioria muito à vontade a navegar neste novo mundo, utilizando termos recém apresentados – webfolio, fórum, interRooda – com uma naturalidade tal que atesta o quão comprometidos estão com seu trabalho.

Quanto a mim, embora tenha familiaridade com a informática e seus recursos, mesmo nos softwares mais simples e que, por isso mesmo, por vezes pode-se acreditar já saber tudo acerca de seus recursos, percebo que existem muitas possibilidades por ser exploradas. Ou seja, a aprendizagem jamais se esgota, pois sempre há um novo ponto de vista a ser considerado.

ECS 2 - Avaliação/compreensão sobre os ambientes e projetos visitados.

Acessando os endereços recomendados na atividade 02 da primeira semana percebi quanto o educador pode alavancar seu trabalho utilizando-se dessa rica ferramenta chamada blog.

É notável a autonomia que o blog confere tanto ao professor quanto ao educando, visto que o mesmo é de fácil criação e de uma manutenção igualmente sem traumas, possibilitando, ainda, uma interação entre o criador do blog e todos aqueles que o acessarem. Aliás, esta propriedade de tornar-se um canal de comunicação coloca em cheque a opinião daqueles que pregam um distanciamento que o ambiente virtual criaria entre as pessoas. Ao longo das visitas, ponderei o quanto um aluno mais retraído, tímido, poderia expor suas idéias enquanto registra suas descobertas sobre um determinado tema, sem a aflição experimentada ao falar em público. Por meio do blog, seu público, ainda que muito maior, torna-se muito menos ameaçador, mostrando-se, através da interação possível, um colaborador, discutindo diferentes pontos de vista.

Gostaria de destacar o endereço http://quemfaz.blogspot.com/ pois o mesmo traz experiências de escolas públicas utilizando tecnologias que são 100% aplicáveis em nosso cotidiano escolar. Tais relatos mostram o quão absurdo é o esquivar-se de tais possibilidades por parte daqueles que dizem "ter medo" do computador ou não gostar da "máquina". Ainda que em uma escola não seja imprescindível o seu uso, é inegável o ganho de qualidade no fazer pedagógico a medida que o computador é explorado do modo como este blog sobre experiências evidencia.

domingo, outubro 29, 2006

IMAGEM PARA ECS8



Esta é minha imagem para a atividade em grupo ECS 8.

Meu e-mail é: paulomedeiros1967@yahoo.com.br

quarta-feira, outubro 25, 2006

ECS 5 - WEBER 1 - Conteúdo do debate no fórum


O espaço para FÓRUM no ROODA sempre foi um lugar para trocar idéias. Entretanto, o tema proposto – como podemos usar o texto de Durkheim para entender nossa escola – com certeza foi o que mais motivou-nos para uma discussão enriquecedora. Os comentários ali escritos são o espelho de nossa pluralidade enquanto educadores, assim como refletem as diferenças e similitudes de nossas escolas.

O maior fruto colhido neste fórum até o momento dá conta da responsabilidade de cada segmento no que diz respeito à escola. Enquanto alguns afirmam que são os professores os responsáveis e os detentores do poder de mudar a escola, outros, acertadamente, concluem que essa não existe apenas com mestres, mas alunos e pais, sem falar nos funcionários e nas equipes diretiva e pedagógica. Ou seja, quando se fala em alguma responsabilidade, esta é de todos. Não é papel da escola assumir o que é da família e vice-versa. No mínimo, a família precisa fazer com que a criança estabeleça seus primeiros vínculos afetivos (Durkheim afirma que, ao nascer, uma criança só se relaciona com ela mesma) por meio de referenciais sadios.

Minha participação neste fórum em particular se deu em dois momentos, ao mesmo tempo em que acompanho atentamente cada nova postagem inserida.

Semana 4 / ECS 6 - Weber II

Registre, em seu blog individual, duas situações vividas no seu local de trabalho, que possam ser analisadas a partir da teoria de Weber.


Relato número 1:

Época de eleições para direção de escola em que eu lecionava. Eu e mais duas colegas concorríamos em uma chapa que buscava conquistar o lugar ocupado, fazia muitos anos, pela mesma direção, a qual estava a concorrer mais uma vez.

Não havia favoritos, conforme podíamos perceber no dia a dia. Porém, a medida que o momento da escolha se aproximava, percebemos um distanciamento de toda a equipe diretiva de então para conosco, como se houvéssemos nos tornado “personas non gratas” para toda a escola, visto que começaram a surgir comentários. Mas que tipo de comentários? Alertavam para o fato de que a saída da direção que tanto já fizera pela escola (ao menos apregoavam haver feito) traria toda a sorte de equívocos administrativos e pedagógicos, para não citar os reais termos que passaram a ser lançados em nossa face.

A eleição chegou. Em uma primeira apuração tivemos um empate. Contudo, uma de nossas fiscais percebeu que um voto fora “desconsiderado”. Coincidentemente, era um voto que nos dava crédito. Na recontagem, ganhamos em função deste único voto.

Todos os integrantes da outra chapa passaram a gritar, isso mesmo, a gritar conosco. Diziam que iríamos acabar com a escola que eles tanto lutaram para erguer (a mesma retórica destemperada pré-eleição). A diretora de então caiu em um pranto assustador, pois ouvíamos seu choro que vinha de uma outra sala, aquela que considerava sua: a sala da direção.

O ano seguinte mostrou, óbvio, que a escola não cairia em retrocesso de forma alguma, bem pelo contrário. Mas disso tudo ficou um alerta: algumas pessoas simplesmente não toleram a idéia de perder o poder, assim como àqueles que representam, a seus olhos, uma ameaça de se tornarem protagonistas desejosos de mudarem o cenário. Tornam-se irreconhecíveis quando questionadas e até mesmo violentas quando percebem que perderam algo que, neste caso, apenas lhes fora confiado por algum tempo.

Conclusão: se um cargo qualquer nos faz mudar de pessoas amáveis para indivíduos mesquinhos, nos tornando arrogantes e prepotentes, somos muito pequenos para assumí-lo.

Relato número 2:
Foi um único dia em meus 39 anos de idade, quase 20 de magistério. Contudo, chocou-me de tal forma que muitos anos tendo se passado, ainda o recordo sempre que um conselho de classe final se aproxima.

Éramos então seis professores de turmas de 4ª série. Eu trabalhava com Matemática, e cada colega assumira uma ou mais disciplinas, de acordo com a carga horária exigida legalmente. Tínhamos quatro turmas maravilhosas, daquelas que marcam nossa memória apenas com os melhores exemplos de dedicação e entusiasmo por parte de alunos, pais e professores.

Aconteceu que, na última das quatro turmas, uma colega de trabalho, que tinha o ensino da Língua Portuguesa como sua responsabilidade, passou a afirmar que um determinado aluno não tinha as mínimas condições de ser aprovado para a série seguinte. A princípio, trata-se de um comentário que praticamente todo professor já ouviu ou proferiu alguma vez. Contudo, aquele não se tratava de um caso qualquer, pois os demais professores não concordavam com o parecer que ouviam. Enquanto nos era afirmado que ele sequer sabia ler corretamente e que a interpretação de textos tratava-se de uma tarefa impossível para o aluno, argumentávamos contra, citando sua habilidade de interpretar desafios matemáticos e resolvê-los, assim como uma nada desprezível capacidade de compreender os dados em um atlas, respondendo praticamente todos os questionamentos que lhe fossem feitos de forma correta.

A reunião simplesmente parou. As pessoas ficaram nervosas, começaram a elevar o tom da voz, pois percebiam, de um lado, que a professora não se deixaria demover de sua convicção em prol da reprovação e, de outro, que todos os demais professores estavam sendo questionados em sua capacidade de realmente avaliar aquele aluno. O resultado não foi positivo para qualquer um dos protagonistas daquela situação: a reprovação aconteceu, os professores se afastaram daquela colega irredutível, a qual acabou solicitando remanejo de escola e provamos o quanto uma decisão equivocada e alicerçada em crenças pode causar uma tragédia emocional na vida de muitos que nos rodeiam, assim como em nós mesmos.

Isso ocorreu em um tempo que a nota obtida por um aluno exclusivamente através de provas escritas decidia completamente seu momento presente... embora ainda percebamos reflexos dessa prática de avaliação unilateral em várias de nossas escolas. Mas o que se escondia por detrás da postura inflexível de nossa colega da Língua Portuguesa era tanto uma necessidade de reafirmar o poder que detinha sendo ela a professora, quanto lembrar ao menino e a todos a seu redor que ele continuava sendo o aluno, visto hierarquicamente abaixo da sua posição de educadora. Ousaria dizer que, à luz de Weber, trata-se de uma dominação tradicional, pois existia uma certeza da impunidade baseada na crença dos poderes e da santidade que a professora assumira para si mesma. Permitir que o aluno fosse aprovado, antes de sinal de humildade, admitindo haver avaliado parcialmente o aluno, “poria em perigo a legitimidade de seu próprio domínio”.

domingo, outubro 22, 2006

ECS 5 - WEBER 1 - VISITA AOS BLOGS DE COLEGAS


Após fazer meu texto acerca das idéias de Weber, procurando contextualizá-las em seu próprio tempo, visitei o blog de quatro colegas que já haviam concluído seus trabalhos acerca do sociólogo alemão: Verônica Davila, Nara Oliveira, Catia e Patrícia Rosso. Deixei um comentário em seus blogs pessoais acerca de seus textos, todos excelentes.

ECS 5 Weber 1 - Max Weber - Análise da Dominação Legítima

Para bem entender as idéias de Max Weber, é mister ter em mente que o intelectual, historiador, político e sociólogo alemão buscava elevar a sociologia ao status de ciência autônoma, baseada em fatos empíricos, sendo ele um dos fundadores da sociologia moderna, ao lado de Émile Durkheim, Karl Marx e Vilfredo Pareto.

Conforme Weber, religião e família são entes culturais que estendem seus tentáculos à própria estrutura econômica. É importante considerar que em seu tempo, muito mais que atualmente, religião e família ditavam regras de conduta a serem seguidas. Weber justamente combatia esta influência do clero, notadamente da igreja católica. Detalhe: ele era filho de protestantes. E como para Weber não existe uma ligação entre ciência e ideologia, o enfrentamento com a igreja, o mesmo dando-se em relação a esfera da política, irracional e influenciada pela paixão, era conseqüência compreensível.

Através de “Os três tipos puros de dominação legítima”, Weber descreve a burocratização da dominação e a ascensão ao poder de forma a cercear a vida humana em um complexo conjunto de regras e controle racional. Segundo ele, a dominação – probabilidade de encontrar obediência – pode ser de três tipos: legal, tradicional e carismática.

A primeira impõem-se por meio de um estatuto. Seu cerne está na possibilidade de instituir e alterar direitos mediante um estatuto. Obedece-se à rega estatuída, sendo que quem ordena também obedece a uma regra concomitantemente à emissão de sua ordem. Aquele que ordena é o “superior” e seu quadro é formado por “funcionários”. Os funcionários são introduzidos conforme sua formação profissional.

O segundo tipo – tradicional – decorre pela crença nos poderes senhoriais, dado que o poder patriarcal é seu exemplo mais puro. Aquele que ordena é o “senhor”, sendo que forma seu quadro um conjunto de “servidores”. Seu estatuto tem caráter imutável, fruto da sabedoria, e seu conteúdo está amparado na tradição. Os servidores têm vínculos de fidelidade junto ao senhor – familiares, favoritos, vassalos - e permanecem em seu cargo baseados mais por usa dócil capacidade de servir ao senhor do que propriamente por sua formação.

O terceiro tipo de dominação – carismática – dá-se pela devoção afetiva à figura do senhor, fruto de seu carisma, advindo de sua oratória envolvente, capacidade intelectual ou heroísmo. Os tipos mais explícitos são o demagogo, o herói e o profeta. Aqui, o tipo que manda é denominado “líder”, e quem o obedece é tomado como “apóstolo” ou seguidor. Na escolha do quadro administrativo, pesa mais o carisma e vocação pessoal do seguidor, em detrimento de uma formação profissional. A administração carece de regras, estatuais ou tradicionais, sendo sua característica as decisões particulares diante do direito que o líder sugere possuir.

Através de uma atenta leitura do pensamento de Max Weber, percebemos na nossa sociedade os três tipo de dominação, bastando olhar para nossas Escolas – dominação legal – as famílias em geral – dominação tradicional – e as relações de poder de negociação, determinando quem permanece e quem sai ao longo de um mandato na política brasileira, claramente desnudada por Weber ao descrever a dominação carismática.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Análise de dois blogs educacionais

Primeiro Blog analisado:
Endereço: http://infoedu.zip.net/
Nome: Infoedu
Proposta: apresentar projeto de pesquisa sobre o uso de blogs em encontro sobre weblogs.
O blog é extremamente didático. Suas primeiras orientações dão conta do passo a passo da criação de um blog. Clicando no link http://www.labin.lasalle.tche.br/infoedu/blog_pedagogico/textos/site_criacao.pdf o internauta é direcionado para um texto em PDF que orienta de forma excepcional na escolha do servidor que hospedará o blog a ser criado, indicando quais são gratuitos, quais são pagos, que tipo de cadastro exigem, entre outras orientações.
Este blog contempla o que se define como blog pedagógico, isto é, “uma alternativa para comunicação na educação e um excelente meio para oferecer uma formação descentralizada.”

Segundo blog analisado:
Endereço: http://www.fpce.ul.pt/pessoal/ulfpcost/te3aula2003/blog/
Nome: Vamos blogar?
Proposta: ser um guia sobre blogs, resgatando seu histórico recente, destacando também a opinião de quem tem ou deseja ter um blog.
O blog inicia com uma resgate histórico do uso de weblogs, ou blogs, como se tornaram conhecidas as páginas da internet que receberam este nome inicial. O autor destaca que os blogueiros já somam o meio milhão de usuários de internet, mas certamente este número encontra-se defasado, pois a última atualização do blog foi em setembro de 2003, o que é muito tempo em se tratando de mundo virtual.
Podemos conferir uma lista pequena de links acerca dessa nova ferramenta e, finalmente, talvez o mais interessante: a opinião de diferentes internautas acerca da utilização do blog, alguns profetizando tratar-se apenas de modismo, outros destacando suas potencialidades no cotidiano.
Ainda que este segundo blog analisado não pareça, à primeira vista, encaixar-se na definição de blog pedagógico acima expressa, o mesmo cumpre seu papel enquanto objeto de reflexão acerca do tema que se propõe tratar.

domingo, outubro 08, 2006

A educação como processo socializador

1. Qual a posição de Durkheim frente ao que diz Stuart Mill?
Visto que Stuart Mill define como educação “tudo aquilo que fazemos por nós mesmos, e tudo aquilo que os outros intentam fazer com o fim de aproximar-nos da perfeição de nossa natureza”, Durkheim afirma que a “influência das coisas sobre os homens é diversa, já pelos processos, já pelos resultados daquela que provém dos próprios homens; e a ação dos membros de uma mesma geração, uns sobre outros, difere da que os adultos exercem sobre as crianças e adolescentes”.

2. Quais as duas definições ressaltadas por Durkheim? Explique o ponto fraco em que incorrem?
A primeira assegura que o fim da educação é “desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que ele seja capaz”.
A segunda definição, totalmente utilitária, pressupõe uma educação que objetiva “fazer do indivíduo um instrumento de felicidade para si mesmo e para seus semelhantes”.
O ponto fraco em que a primeira definição incorre dá-se porque não seria integralmente realizável, pois “essa harmonia teórica se acha em contradição com outra regra da conduta humana, menos imperiosa: aquela que nos obriga a nos dedicarmos a uma tarefa, restrita e especializada. Não podemos, nem nos devemos dedicar, todos, ao mesmo gênero de vida; temos segundo nossas aptidões, diferentes funções a preencher, e será preciso que nos coloquemos em harmonia com o trabalho que nos incumbe.” Já a segunda definição expõe seu ponto fraco ao negligenciar que “a felicidade é coisa essencialmente subjetiva, que cada um aprecia a seu modo” deixando, “portanto, indeterminado o fim da educação, e por conseqüência a própria educação, que fica entregue ao arbítrio individual”.

3. O que é preciso, de acordo com Durkheim, para definir educação?
Estar atento para o grupo social, o momento histórico, os costumes e as idéias que formam uma sociedade. Assim, segundo Durkheim, “quando se estuda historicamente a maneira pela qual se formaram e se desenvolveram os sistemas de educação, percebe-se que eles dependem da religião, da organização política, do grau de desenvolvimento das ciências, do estado das indústrias, etc. Para definir educação, será preciso, pois, considerar os sistemas educativos que ora existem, ou tenham existido, tomá-los, e aprender deles os caracteres comuns. O conjunto desses caracteres constituirá a definição que procuramos.”

4. De acordo com Durkheim, que fatos levam cada sociedade a fazer do homem certo ideal, tanto do ponto de vista intelectual quanto físico e moral?
“Não há povo em que não exista certo número de idéias de sentimentos e de práticas que a educação deve inculcar a todas as crianças, indistintamente, seja qual for a categoria social a que pertençam. Mesmo onde a sociedade esteja dividida em castas fechadas, há sempre uma religião comum a todas e, por com princípios de cultura religiosa fundamentais, que serão os mesmos para toda a gente. No decurso da história, constituiu-se todo um conjunto de idéias acerca da natureza humana, sobre a importância respectiva de nossas diversas faculdades, sobre o direito e sobre o dever, sobre a sociedade o indivíduo, o progresso, a ciência, arte etc... idéias essas que são a base mesma do espírito nacional; toda e qualquer educação a do rico e a do pobre, a que conduz às carreiras liberais, como a que prepara para as funções industriais, tem por objeto fixar essas idéias na consciência dos educandos.

5. Segundo o autor, que função o "ïdeal" a ser realizado têm que suscitar na criança?
De acordo com Durkheim, o “ideal” deverá suscitar na criança: a) um certo número de estados físicos e mentais que a sociedade considera como indispensáveis a todos os seus membros; b) certos estados físicos e mentais, que o grupo social particular (casta, classe, família, profissão) considera igualmente indispensáveis a todos que o formam. A sociedade, em seu conjunto, e cada meio social em particular, é que determinam este ideal a ser realizado.

6. A partir da definição "A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine" o que conclui Durkheim? Explique ?
Durkheim conclui que “a educação consiste numa socialização metódica das novas gerações.” Atenta o autor para a existência de dois seres em cada um de nós. “Um, constituído de todos os estados membros que não se relacionam senão conosco mesmo e com os acontecimentos de nossa vida pessoal; é o que se poderia chamar ser individual. O outro é um sistema de idéias, sentimentos e hábitos, que exprimem em nós, não a nossa personalidade, mas o grupo ou grupos diferentes de que fazemos parte; tais são as crenças religiosas, as crenças e práticas morais, as tradições nacionais ou profissionais, as opiniões coletivas de toda a espécie. Seu conjunto forma o ser social. Constituir esse ser social em cada um de nós tal é o fim da educação.”

7. Como o autor explica que sociedade e indivíduo são idéias dependentes?
O autor explica que o indivíduo, visando aprimorar a sociedade, visa melhorar a si mesmo. “Por sua vez, a ação exercida pela sociedade, especialmente através da educação, não tem por objeto, ou por efeito, comprimir o indivíduo, amesquinhá-lo, desnaturá-lo, mas ao contrário engrandecê-lo e torná-lo criatura verdadeira humana. Sem dúvida, o indivíduo não pode engrandecer senão pelo próprio esforço. O poder do esforço constitui, precisamente, uma das características essenciais do homem.”

domingo, outubro 01, 2006

EPPC 2 - Currículo, Didática e Projeto Político Pedagógico

O que entendo por Currículo, Didática e por Projeto Político-Pedagógico da Escola?
Acredito que a escola da cartilha, aquela na qual bastava um livro, quadro e giz para ensinar conteúdos há muito se desfez ou, no mínimo, encontra-se em franco processo de extinção. O projeto político pedagógico, o currículo e a didática firmaram-se muito além do terreno dos simples conceitos, tornando-se um espelho da instituição, uma planificação do que se ensina e a forma adotada para desenvolvê-los, respectivamente.
A didática supera qualquer tentativa de rotulá-la apenas como um conjunto de regras que venham a qualificar a prática docente. O foco da didática é seguramente mais amplo, tendo no professor e no aluno não um fim, mas elementos que contribuirão para o bom desenvolvimento de um componente curricular (matéria, disciplina) ou conteúdo, inseridos em um contexto particular de aprendizagem, apresentando as estratégias metodológicas adequadas para que objetivos traçados sejam contemplados. Neste sentido, existe uma interação óbvia entre didática e currículo, pois enquanto a primeira promove (embora não garanta, sozinha, um resultado positivo) o próprio fazer pedagógico, o segundo planifica os conceitos que serão construídos.
A refletir o contexto no qual a escola encontra-se inserida, o projeto político pedagógico clarifica a prática da instituição, abrangendo aspectos como a organização da instituição, os objetivos educacionais traçados, a metodologia adotada para bem alcançá-los e a avaliação da aprendizagem ao longo do processo pedagógico. Ele precisa ser participativo, fruto da colaboração de todos os segmentos de uma escola, pois irá resignificar a ação de todos os seus agentes.

quinta-feira, setembro 28, 2006

ECS 2 - Quem sou eu, onde vivo e trabalho.

No pequeno texto que segue, procurarei responder alguns questionamentos feitos para todos os alunos da Pedagogia em nosso primeiro encontro de duas novas interdisciplinas.

“Quem sou eu, onde vivo e trabalho? Por que me tornei professor(a)? Como vivencio hoje o ser professora/professor? Tenho ousadia para... Tenho medo de... Quero dialogar sobre...”

Meu nome é Paulo Medeiros. Moro em Gravataí e trabalho três turnos na Escola Municipal de Ensino Fundamental Áurea Celi Barbosa. Faz quase duas décadas que leciono nesta mesma instituição, embora em minha relativamente mediana trajetória no magistério já tenha atuado em outras escolas municipais e durante alguns anos em uma escola de ensino privado, Nossa Senhora dos Anjos – GENSA, tendo saído para abrir minha própria escola, esta de informática. Ou seja, como se pode perceber, não importam os rumos, os destinos a que me reporto estão sempre ligados à tarefa de educar.
Tornei-me legalmente professor aos vinte anos, mas desde os catorze estive à frente de uma turma, pois naquela tenra idade lecionava catequese na igreja da qual eu fazia parte, obviamente supervisionado por uma irmã que coordenava o trabalho de todos os demais catequistas.
Antes de ingressar no curso de magistério, na Escola Dom Feliciano, senti um impulso (denominam de “chamado”) em direção à congregação Marista, e fui admitido no seminário depois de um ano de visitas semanais, cursos e encontros com os seminaristas de então. Parecia que todo o meu futuro já estava desenhado: tornar-me-ia médico, trabalharia com a população pobre, preferencialmente em um país distante, pois o desejo de conhecer o mundo já despertava.
Idealista e dado à coerência entre a intenção, o discurso e a ação, não permaneci suficiente tempo no seminário de Caxias do Sul para vivenciar tudo o que eu imaginava ser possível fazer pelos menos afortunados. Deixei, arrasado, um futuro para trás, e ingressei na Escola Dom Feliciano, já aqui em Gravataí. Parecia um retrocesso completo: voltava para minha cidade e abria mão de projetos tão cuidadosamente desenhados em minha mente. Contudo, aos poucos percebi que através do magistério eu poderia, ainda que de forma diferente, auxiliar meu próximo a retomar sua própria caminhada, incutindo-lhes, talvez, a utopia possível da realização pessoal.
Estando eu com trinta e poucos anos, completamente desmotivado com o cotidiano profissional do qual eu fazia parte, resolvi trocar de escola, buscar alguma mudança no fazer pedagógico; foi então que abri a citada escola de computação. Apesar do sucesso da empreitada, do número de alunos haver superado as expectativas, percebia que aquele novo passo não era exatamente o que eu buscava. Deste modo, alguns anos depois estava de malas prontas para embarcar em um mundo totalmente novo para mim e para a expressiva maioria das pessoas que conheço: morar no continente asiático, mais precisamente no Japão.
Resultado de um ano inteiro de preparação, a ida para Hiroshima foi possível somente porque o governo japonês, através do seu consulado, selecionou-me para desenvolver um projeto de pesquisa em uma de suas universidades públicas, Shimane Daigaku (Universidade de Shimane), não sem antes cursar língua japonesa na Universidade de Hiroshima. Com certeza, tratava-se da mudança que eu procurava.
No sistema educacional japonês e no cotidiano das escolas, encontrei o modo de fazer educação no qual acredito: alunos extremamente aplicados, aulas com turno integral, professores bem remunerados, escolas aparelhadas com o inimaginável por nós e um nível de exigência dos mestres para com os educandos (e estes correspondendo) que muito me agradaria encontrar por aqui. Não percebi permissividade ou tolerância para com tolices e atitudes irresponsáveis. Na própria universidade, eu estudava do início da manhã até as primeiras horas da noite, e assim acontecia com as crianças na mais tenra idade escolar. Éramos constantemente cobrados quanto a resultados, e esses precisavam ser apresentados de forma primorosa e sem quaisquer erros. Contudo, caso ocorressem, a orientação para refazer uma parte ou o todo sempre vinha acompanhada de um misto de reprimenda e estímulo. E de tanto conviver em uma atmosfera de respeito ao educador (por parte de pais, alunos e toda a sociedade) e postura irreticável por parte dos alunos, frustrei-me tremendamente em meu retorno para a sala de aula no Brasil – aquela era a escola para a qual sempre me preparei.
Contudo, como um dos aprendizados pessoais na “terra do sol nascente” foi não esmorecer, desde então tenho a pretensão de trazer para meu ambiente de trabalho o melhor que posso oferecer em matéria de conhecimento e prontidão para os desafios que se fizerem presentes. Certamente por tal razão, criei uma janela de nossa Escola na Internet, através de um blog, ainda no início do ano letivo de 2006. Toda a comunidade escolar festejou (e o faz no presente) a possibilidade de ver-se na rede mundial, e nossa “janela” tornou-se um álbum de registros das atividades que são desenvolvidas por professores, alunos, voluntários, pais, etc. Talvez esta iniciativa seja esta uma de minhas ousadias desde que retornei para o ocidente.
Mas e quanto aos medos? Com certeza, o maior deles seria perceber que meu trabalho não estaria agregando valor a meu cotidiano profissional. Ser apenas um funcionário ou alguém que registra sua presença causaria uma mácula terrível não apenas no campo dos meus sentimentos, mas na vida daqueles que me são confiados na busca por conhecimento e reflexão acerca do mundo. Os alunos esperam bem mais de seu professor do que apenas um transmissor de mensagens prontas, praticamente memorizadas, desprovidas de qualquer entrega em nível pessoal, sem qualquer marca singular que os faça desejar um novo encontro com seu mestre no dia seguinte.
Neste sentido, gostaria de dialogar a respeito não apenas dos papéis de cada um, mas principalmente quanto a magia que vem-se perdendo paulatinamente na arte (que virou tarefa) de educar. Que falemos de encantamento, sonhos, possibilidades e objetivos tanto coerentes quanto necessários, pois nossas escolas, além de investimento financeiro e responsabilidade em sua gestão, precisam de gente que se encanta até mesmo com a própria menção do que pode ser feito.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Bem-vindo ao Continente Asiático

Quando criança, num "faz de conta" eu brincava de Ultraman, o super-herói japonês que sempre salvava a terra do sol nascente de monstros assustadores. Três décadas depois, estava morando no Japão, a convite do Ministério de Educação Japonês, estudando sua língua e seus costumes, assim como desenvolvendo um projeto de pesquisa na área de educação ambiental, o qual rendeu, para dizer o mínimo, uma tese, que trouxe comigo e guardo com muito carinho. Convido você a percorrer o Blog e visualizar algumas imagens que selecionei tanto do Japão quanto da Tailândia, outro país do continente asiático que marcou-me com as melhores lembranças.

Observe que em alguns textos, certas expressões estarão sublinhadas. Clicando sobre elas, você será direcionado para páginas que tratem do assunto que, aqui, não seria possível dissertar.

Se o seu desejo for o de ampliar uma imagem, basta clicar sobre a mesma e aguardar alguns segundos. Um bom passeio para você.

Nestas imagens, dois mundos de um mesmo continente: na fotografia superior, este brasileiro protetor dos animais encontra cervos totalmente livres nas ruas da ilha de Miyajima. Na imagem seguinte, os protetores folheados a ouro de um dos palácios reais de Bangkok, magnificamente erguidos para, em tempos idos, servir de residência para sua magestade, o rei, assim como sua rainha e corte.

Sonho de criança realizado depois de adulto: conhecer a Disneyworld. Incrível como guardamos dentro de nós tantas aspirações que, com trabalho, perseverança e a ajuda de Deus, podemos concretizar em seu tempo.


Creio ser esta a primeira imagem que está presente em nosso pensamento quando alguém menciona Tokyo: edifícios altos, amplos, muitas avenidas, o trem-bala, muita gente nas ruas, ... típico de cidades grandes janponesas. Tirei esta fotografia no alto de um edifício no bairro de Shinjuku, o local em que se encontram órgãos do governo, multinacionais, bancos, etc.


Férias na Tailândia. Fiquei um mês entre Bangkok (a capital), Phuket, Phi Phi, Samui e outras ilhas paradisíacas. Sempre desejei visitar este País que tem por símbolo a flor de uma orquídea.

As duas imagens acima são de fotografias de meu álbum particular (tira-se muitas fotos lindas na Tailândia), mas busquei na internet um site onde estivessem disponíveis outras imagens desta exuberância natural. Clique aqui para ir direto ao site.


Quando o inverno chega aqui no Brasil, imediatamente recordo-me de dias como este retratado acima, em dias que tínhamos temperaturas normalmente por volta de -10ºC, podendo cair ainda mais. Dependendo da região do Japão, o inverno nos faz experimentar a corrente gélida que vem da Sibéria, o que faz as temperaturas despencarem. Quando morava em Hiroshima, a neve se fazia presente. Contudo, ao mudar-me para Matsue, um pouco mais ao norte, percebi logo no primeiro inverno que o frio era mais rigoroso naquela que é a capital de Shimane.


Recepção aos alunos da Universidade de Hiroshima. Este foi nosso primeiro contato com a culinária japonesa a qual, faça-se justiça, tem muito mais do que sushi a oferecer.


Nesta imagem, na qual os colegas estão ao redor de sua educadora (sensei), uma bela mensagem de comunhão entre diferentes povos: enquanto eu tenho em mãos uma bandeira japonesa, a bandeira do Brasil está com a aluna Nelia, natural das Filipinas. Da esquerda para direita temos os alunos dos seguintes países: Brasil, Indonésia, México, Nigéria, Filipinas, Coréia do Sul e Tailândia.


Nas duas fotografias acima, perceba o porquê da primavera ser, talvez, a mais bela estação do ano no Japão. As cerejeiras, em plena floração, fazem com que alguns hábitos do cotidiano sejam alterados, a fim de que todos possam desfrutar de momentos prazerosos em cenários como este: o horário do almoço é ampliado, as refeições são feitas em família e sob as flores, os parques ficam repletos de turistas e moradores locais de máquinas fotográficas em punho, ... Enfim, são apenas alguns dias de floração, não mais do que uma semana e, talvez por isso mesmo, tão concorridos e apreciados.















Uma das mais interessantes tradições japonesas tem lugar com a chegada da primavera. É costume colocar sua melhor roupa e tirar fotografias junto às cerejeiras.

Dificuldades que encontrei para realizar a Atividade 1

Visto que já administro o blog da Escola na qual trabalho desde abril, pensei que seria fácil criar e administrar um outro. Contudo, em razão das inúmeras diferenças entre o Blogger e o Blog do UOL (servidor escolhido para hospedar o referido primeiro blog), deparei-me com uma dificuldade que só foi sanada com o auxílio de nossa prestativa tutora Ana: colocar um link em meu blog pessoal.

Eu lera a "ajuda" disponibilizada pelo próprio Blogger e tentei por diversas vezes seguir os passos ali descritos para incluir qualquer link desejado. Ao obter sucesso, percebi o porquê do impasse: linguagem HTML. Essa linguagem eu não domino, o que obriga a todo aquele que deseja colocar um link em seu blog estudar a linguagem ou, o mais prático no momento, observar com atenção as linhas de comando dos links já "postados" pelo Blogger e copiá-las, alterando apenas a fração na qual consta o endereço em questão.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Primeira postagem no BLOG


Olá! Se chegaste até aqui creio tratar-se de mais um estudante da UFRGS, professor ou tutor desta prestigiosa universidade. Ou, quem sabe, sejas tu um amigo de longa data, colega de trabalho, pessoa da família,... Talvez possas, depois de uma "apreciada" no BLOG, deixar um comentário a respeito do mesmo, alguma sugestão ou um simples registro de sua passagem por aqui.

Meu nome é Paulo (o título do BLOG, então, não ostenta um pseudônimo!), sou professor, tenho 39 anos, apreciador de boa leitura, música e tv. Através deste BLOG, pessoal, paulatinamente revelarei um pouco de meu cotidiano em casa - o que estou lendo, ouvindo, vendo e conjecturando - além de meu progresso no curso de Pedagogia que iniciei neste 2º semestre na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Meu dia-a-dia profissional eu o convido a conhecer através de outro BLOG que criei, totalmente voltado para a educação, com ínúmeros links para bibliotecas virtuais, recursos para o trabalho em sala de aula, jogos pedagógicos, etc, além de retratar o que eu e meus colegas de trabalho entendemos por educar para a vida, para a felicidade, o presente e o futuro. Sua visita será sempre bem-vinda no endereço http://aureacelibarbosa.zip.net Passe por este BLOG também e deixe seu comentário. Suas palavras serão carinhosamente acolhidas.